sexta-feira, 6 de julho de 2007

Silvana Louzada > Collor x general Tinoco

A foto foi publicada na primeira página da Tribuna da Imprensa, em 4 de julho de 1991.

Diz o texto ao lado da foto:
"Oficiais do Exército fizeram coro aos ataques do capitão-deputado Jair Bolsonaro (PDC-RJ) ontem, durante cerimônia na Vila Militar, no Rio, e responsabilizaram o Presidente Fernando Collor, presente à solenidade, pelo achatamento salarial e conseqüente descontentamento da tropa."



Os militares estavam em pé-de-guerra com o governo quando Collor faz esta visita à Vila Militar para uma exibição de pára-quedistas.
Todos os fotógrafos queriam uma foto que mostrasse o antagonismo da tropa com o presidente.
Eu fechei com a 180mm no Collor e no general Tinoco, esperando um momento que as expressões faciais mostrassem a tensão do evento.
A legenda é: "A exibição da brigada pára-quedista, ontem na Vila Militar, fez com que Collor e o general Tinoco olhassem para o mesmo objetivo ainda que em direção oposta".
O editor, acho que era o Mário Rolla, entendeu o espírito da coisa.


A importância histórica da foto está em ter sido feita antes do início do ocaso de Fernando Collor.
As hostilidades e os escândalos que levaram ao impeachment ainda não haviam começado mas as tropas, assim como outros setores da sociedade, já demonstravam seu descontentamento.
Era também o primeiro embate dos militares com o primeiro presidente civil eleito pelo voto direto desde a ditadura.
Vista hoje a foto não tem, a meu ver, impacto algum.
O presidente, que no exercício do cargo era extremamente arrogante, é um senador sem nenhuma projeção, assim como o general.
As forças armadas também não são também nenhum bicho-papão para a sociedade e para o “estado democrático”.
Mostra apenas que pessoas, coisas e instituições, são sujeitas a ter seu papel social modificado ou anulado com o passar do tempo. Assim como algumas fotos...

O equipamento era uma Nikon FM2 com uma lente 180 mm.
O filme, o velho e bom Tri-X, provavelmente (mal) rebobinado com uns 12 fotogramas, como era o costume na Tribuna.
Feito com luz natural, sem flash, sem puxar.

Silvana Louzada > Comecei a fotografar na Ágil Fotojornalismo, em Brasília. Trabalhei no Correio Brasiliense e em assessorias.
Morei no Maranhão, onde fotografei as comunidades de negros que iriam ser removidos com a construção da Base Aeroespacial em Alcântara.
No Rio, fiz still de cinema, trabalhei contratada no Jornal da Vale (do Rio Doce), na Tribuna da Imprensa e na Agência Brasil. Como free-lancer, em um montão de lugares.
Fiz uma pós-graduação em Fotografia na Universidade Cândido Mendes e Mestrado na Comunicação da UFF, sobre o fotojornalismo nas revistas O Cruzeiro e Manchete.
Faço doutorado, também na UFF, sobre o fotojornalismo na Última Hora e JB nos anos 1950-60.

Um comentário:

Anônimo disse...

GENERAL TINOCO MEU LIDER MEU HOMEM...